sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Trocando os trastes






Olá galerinha, hoje vamos falar sobre como substituir os trastes que já estão “surradinhos” apresentando vários problemas e precisam urgente de manutenção.
É inevitável que os trastes se desgastem, o que se pode fazer é tomar alguns cuidados para aumentar o tempo de vida dos mesmos, cordas enferrujadas, suor, empenamento no braço, ponte desregulada tudo isso tende a desgastar os trastes em uma velocidade absurda, muitas vezes o problema não é só o desgaste, outros problemas comuns são os que se soltam da escala, se você é daqueles que costumam deixar o instrumento em lugares com temperaturas elevadas, como no do porta malas de carro por exemplo, a cola começa a perder a aderência e não só os trastes podem se soltar nessa situação mas se for um instrumento colado vai desencadear um problemão que em algumas vezes chega a ser irreversível. Quando os trastes começam a “pedir para serem trocados”, um dos primeiros sinais que eles apresentam é o trastejamento, aquele barulhinho irritante que a corda ao ser tocada indica que está pegando em alguma coisa, eu vou tentar colocar tudo passo a passo para melhor compreendimento.  

1) Bom. O primeiro passo é a retirada do nut : O nut é aquela peça de plástico, osso ou metal bem próximo ao headstock, inclusive tem um post aqui no blog que falamos só a respeito dele Com o braço preso na bancada, use um formão e um martelo de acrílico, agora, muito cuidado porque a intenção é desgruda-mos a peça da cavidade sem comprometer sua estrutura ou deformar a mesma. Como diz o ditado: “O seguro morreu de velho” então, se você não tem habilidades para  fazer um nut é bom ter um outro em mãos no caso de quebrar na hora da retirada.



2) Agora já podemos partir para a retirada dos trastes: Cada um tem seu jeitinho brasileiro para retirar, o meu conselho é que aqueça os mesmos para que a cola perca um pouco da aderência facilitando a retirada. Eu uso o ferro de passar roupas ou o ferro de soldas, mas uma coisa importante é: se optar por um ferro de passar roupas não vá usar aqueles com vapor rsss. Agora com o auxilio de um formão e um martelo posicione a lâmina no vão entre o próprio trastes e a escala começando sempre pelos lados cuidado na hora de bater, isso tem que ser feito muito levemente de modo a não danificar a escala, em certos casos não precisa nem do uso do martelo, uma simples pressão já é o suficiente para que ele comece a se soltar. 




3) Assim que conseguir um espaço suficiente use um alicate turquesa (ou torquês), para soltá-lo gradualmente até que se desprenda completamente da escala. Os trastes possuem travas,  por isso é muito importante que você aqueça os trastes para soltá-lo da escala, isso vai ajudar a não lascar a madeira. 




Agora é hora de dar aquele capricho na escala. O primeiro passo é usar uma régua para ver se o braço está retinho, se estiver com alguma curvatura ajuste primeiro o tensor para depois começar a trabalhar a escala, se você ainda tem duvidas em como ajustar o tensor aqui no blog eu fiz um post dando uma pincelada no assunto. Depois do tensor conferido vamos dar uma renovada na escala e para isso use um taquinho de madeira com uma lixa 120, não precisa de muita força, esse processo vai depender do estado em que se encontra a sua escala, se você não faz uma hidratação continua é evidente que ela apresentará desgastes (cavas) em alguns pontos, a intenção da lixa é corrigir isso e claro, tirar aquele “grude” de suor com poeira que vai calacrando com o tempo. 


  

4) Observe que a escala possui uma certa curvatura, por isso, o ideal é que você tenha um taquinho com esse mesmo raio, eu fabriquei um recentemente usando uns pedaços de madeira e uma placa de PVC, ficou ótimo e com um custo bem baixo pois esses materiais são caros e difíceis de encontrar. Ao terminar o processo da retifica da “escala” normalmente as cavidades dos trastes ficam mais rasas, antes de começar a colocar os trastes novos é preciso fazer essa verificação. Na maioria dos casos é preciso aumentar a profundidade, aí começa um grande problema para quem não tem as ferramentas certas. Isso deve ser feito com um serrote específico de 0,06mm de espessura, se usar uma serra normal os trastes não terão a pressão necessária e ficarão frouxos podendo até se soltar dos slots. Aos poucos vá serrando e medindo para não aprofundar de mais.



 
5) Feito isso é hora de passar para os trastes, existem no mercado várias opções disponíveis, você pode tanto compra trastes em rolo como cortados, todos tem suas vantagens e desvantagens então é importante ver qual é a melhor opção pois cada caso é um caso.



 
6) Trastes cortados, organizados, conferidos agora é hora de começar a parte mais delicada do trabalho, existem no mercado ferramentas especificas para esse tipo de trabalho, eu vou partir do principio de que você não tenha uma dessas em casa, por isso vamos usar o martelo, lembra aquele de acrílico? Se você não conseguir encontrar um desses para comprar, uma boa opção é o de borracha encontrada facilmente em lojas de materiais para construção, lembrando que isso é só no caso de você não conseguir o material apropriado.




7) Nunca, jamais, em hipótese alguma comece colocando os trastes pelo meio mas sim pelos cantos, encaixe ele no slot pelo canto e venha martelando levemente até o outro lado, é muito importante ir observando se os trastes estão ficando bem encostados na escala, não pode ficar ressaltos.






8) Usando o alicate turquesa corte as sobras dos trastes próximos à escala, cuidado para não “morder” a escala junto pra não deixar a escala com um aspecto feio. Se sua escala for sem o friso lateral, é bom usar um pingo de super bonder nos vãozinhos dos trastes pela lateral da escala, isso só é necessário se elas não entrarem bem justinhas na escala.




9) Bom, agora nós teremos que nivelar as laterais dos trastes, com o auxilio de uma lima levemente inclinada, vá limando as laterais dos trastes, não tente fazer um por um para não estragar a escala, os movimentos devem ser no mesmo ângulo e em toda a extensão do braço. Depois de feito os dois lados é hora de partir para o acabamento, usando lixas 220 para tirar o mais grosso e depois passe para a 400 até sentir que não tem nenhum traste “enroscando”, se ficar rebarbas pode até machucar o músico.




Galerinha por hora é isso aí, até aqui falamos na troca dos trastes, é bastante comum depois de se colocar trastes novos ter que nivelar os mesmos, mas esse assunto trataremos no próximo post ok? Gostou do post? Comente... Ainda tem dúvidas? Pergunte... Um abraço e até a próxima...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Capacitores


E ae galerinha, nesse post vamos falar um pouco sobre os capacitores, muitas vezes passam despercebidos, mas fazem uma grande diferença quando usados de maneira correta, a partir do momento em que começamos a compreender o funcionamento do instrumento passamos também a ter uma percepção muito maior quanto a tonalidade dos mesmos, a grosso modo, quando olhamos para um capacitor ligado ao potenciômetro de tonalidade, concluímos que eles são apenas para diminuir a passagem dos agudos, ou seja: quanto maior o seu valor, maior a diminuição dos agudos. Pois bem, apenas isso já bastaria se não existissem aqueles que como eu, adoram explorar as diversas possibilidades de timbres disponíveis a um capacitor de distancia, e quando desejamos maior domínio sobre o timbre, somos obrigados a conhecê-lo mais profundamente.

Bom, partindo do principio em que ele é basicamente um filtro de agudos, observe que ele recebe o sinal da cap de um lado e ligado ao terra no outro, sendo assim ele descarta para o terra apenas as freqüências mais altas, e como dito antes, quanto maior o seu valor, maior a diminuição dos agudos. 



O potenciômetro de tonalidade tem a função de controlar o quanto do sinal vai para o capacitor. Quando usado no máximo, ele não envia nada, e claro, o capacitor não filtrará nada, se usado no mínimo, ele envia 100% do sinal e o capacitor desvia para o terra, descartando o sinal que vai para o jack de saída todos os agudos, isso é claro, a partir do seu ponto de corte. O restante (levando em conta o ponto de corte) permanecem intactas e seguem seu caminho pelo cabo até o amp.

O pot do volume, tem uma ação bem parecida com o de tonalidade, e também desvia (descarta) o sinal na medida em que vai diminuindo, a essa altura fica bem claro que o aterramento de um instrumento não serve unicamente para diminuir os ruídos normalmente gerados pelos caps, mas também servem para o desvio de freqüências dos sinais dos caps que são filtrados pelo conjunto de pot e capacitor.
Se você é como eu que aproveita tudo o que for possível e tem um trilhão de peças sobressalentes em casa, aqui vai uma dica importante de como medir um capacitor para ver se ele está em perfeitas condições de uso.


MEDINDO UM CAPACITOR COM UM MULTÍMETRO ANALÓGICO: 





- Coloque o multímetro na escala de resistência.
- Encostar uma ponta de prova em cada terminal do capacitor.
- Observe a movimentação do ponteiro do multímetro (não precisa marcar o valor).
- Caso o ponteiro suba e desça o capacitor estará bom, ou seja, o ponteiro subiu pois estava circulando uma corrente para carregar o capacitor, terminada a carga acaba a corrente e o ponteiro volta para a posição inicial, o infinito. Quanto maior o valor do capacitor maior será o tempo que o ponteiro levará para subir e descer.
- Se o ponteiro subir e ficar parado em alguma posição entre zero e
o infinito (mesmo que comece a descer e pare) o capacitor estará com fuga, ou seja, uma corrente contínua está circulando através dele e isto já é sinal que este capacitor não está bom.
- Se o ponteiro for direto para o zero o capacitor estará em curto. Também não está bom. Neste caso toda a corrente fornecida pelas pilhas do multímetro atravessará o capacitor, ele não oferece nenhuma resistência, e por isto o ponteiro vai para o zero.
- Se o ponteiro não se mover o capacitor estará aberto, sem capacitância, e não estará bom. Neste caso o capacitor nem chegou a se carregar e é por isto que o ponteiro nem se moveu. Ficou na posição indicada por infinito.



Para medir capacitores acima de 10000 uF use a escala X1.
Para medir capacitores entre 1000 uF a 10000 uF use as escalas X1 ou X10.
Para medir capacitores entre 100 uF a 1000 uF use as escalas X10 ou X100.
Para medir capacitores entre 10 uF e 100 uF use as escalas X100 ou X1K.
Para medir capacitores entre 1 uF e 10 uF use as escalas X1K ou X10K.
Para medir capacitores entre 100 nF e 1 uF use as escalas de 1K ou 10K ou 100K.
Para medir capacitores entre 1nF e 100 nF use a escala de 100K.
Para medir capacitores abaixo de 1 nF use a escala de 100K mas a leitura será difícil e, consequentemente, o teste não terá precisão.

Com este teste eu consigo saber o valor do capacitor e saber se este valor não está alterado?
Com este teste não dá para saber o valor do capacitor, mas apenas se ele não está aberto, com fuga ou em curto. Para saber o valor exato é necessário o uso de um capacímetro. O que podemos fazer é pegar um capacitor, que sabemos que está bom e seja do mesmo valor do capacitor testado, e comparar a leitura no multímetro deste capacitor com o capacitor a ser testado, para isto memorize as posições em que o ponteiro para na medição de um e do outro. Se der muita diferença entre estas posições provavelmente o capacitor em teste terá alguma alteração.
Embora as escalas de medição de resistência de um multímetro possam apresentar alguma diferença entre a máxima resistência que pode ser medida, pois a máxima resistência a ser medida depende, além do fator de multiplicação (X1, X10, etc) do fundo de escala indicado no galvanômetro, as escalas acima servem como uma boa referência para o teste de capacitores.
Observações:
Alguns capacitores eletrolíticos, geralmente os com alta tensão de isolação, costumam apresentar uma certa corrente de fuga, sendo assim pode ser que em determinadas escalas o ponteiro suba e, ao descer, pare próximo ao infinito. Se isto acontecer diminua a escala de multiplicação e veja se o ponteiro chega ao infinito, caso isto aconteça o capacitor estará bom.
Todos estes testes foram desenvolvidos com o auxílio da prática e embora possam variar um pouco de multímetro para multímetro, sempre serviram para testar capacitores.
Não encoste as mãos nas partes metálicas das pontas de prova, nem nos terminais dos capacitores, pois isto alterará as medições e testes.


Bom, sabemos que existem vários tipos de capacitores, de estrutura e materiais distintos, mas todos basicamente com a mesma função. Para guitarras, os capacitores mais comumente usados são os cerâmicos e os poliésteres.



A maioria das guitarras chinesas tem capacitores de Poliéster e várias Gibson atuais usam capacitores Cerâmicos. As Fenders variam entre capacitores de poliéster e cerâmicos. O importante é que existe um para cada tipo de gosto.
Aí vem aquela perguntinha básica: E qual capacitor eu devo usar em meu instrumento? A resposta nem sempre é tão simples, isso vai depender do tipo de cap que você usa e lógico, principalmente do seu gosto pois captadores single coil do tipo Fender geralmente são mais agudos, Já os Humbuckers, nem tanto, nada como testes e mais testes pois, nem todos os gostos são iguais, uma idéia bem bacana que encontrei net a fora é a de conectar dois “jacarés” na posição correta dos capacitores e ir testando, olhe só o exemplo na figura abaixo...


É meio doido mas tenho que admitir... funciona... e isso é o mais importante.
Bom galerinha, por hora é só, eu sei que dúvidas sempre surgem, então... Gostou do post? comente... Ainda tem dúvidas? Pergunte...
Um abraço e até a próxima...